ATA DA DÉCIMA OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 05.07.1990.

 


Aos cinco dias do mês de julho do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Oitava Reunião Ordinária da Segunda Comissão Representativa da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Dib, Lauro Hagemann, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e Wilton Araújo, Titulares, e Clóvis Ilgenfritz, Dilamar Machado, João Motta e Letícia Arruda, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vicente Dutra que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. Após, determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata Declaratória da Décima Sétima Reunião Ordinária e da Ata da Décima Sexta Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata Declaratória da Décima Quarta Reunião Ordinária e as Atas da Décima Terceira e Décima Quinta Reuniões Ordinárias, deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Elói Guimarães, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Pedido de Providências; pela Verª Letícia Arruda, 07 Pedidos de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. Valdir Fraga, 01 Pedido de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. Vicente Dutra, 04 Pedidos de Providências; pelo Ver. Wilson Santos, 02 Pedidos de Providências; 01 Indicação. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 226; 241; 281/90, do Gabinete do Governador; 305/90, do Centro Comunitário do Bairro da Glória; 397/90, do Senhor Prefeito Municipal; s/nº do DIEESE; da Câmara Municipal de Dom Feliciano; do Instituto Cultural Judaico Marc Chagall. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Valdir Fraga falou sobre Indicação enviada ao Presidente da República, onde solicita verbas para a construção de habitações em Porto Alegre. Discorreu acerca da Vila Cai-Cai e outras Vilas existentes na Cidade, dizendo que a idéia fundamental para o uso dessas verbas é a construção de um núcleo habitacional para alojar essas comunidades. Criticou a Prefeitura Municipal por não tomar atitudes imediatas a esse respeito, falando da possibilidade de uso de alguns campos de futebol da Zona Sul para a construção do referido núcleo habitacional. O Ver. Lauro Hagemann comentou a visita de uma comissão de aposentados da cidade de Criciúma, feita ontem à Casa. Disse que esta Comissão veio à Porto Alegre reivindicar a indicação de um titular para a 8ª Vara da Justiça Federal de Criciúma, uma vez que os aposentados solicitaram revisão nos proventos e não há autoridades para atendê-los. Em nome deste Legislativo, solidarizou-se com os integrantes da referida Comissão, apelando ao Governo pela nomeação solicitada. O Ver. Vicente Dutra referiu-se ao atraso da presente Sessão, destacando que a comunidade já se encontra presente desde as nove horas e trinta minutos. Falou acerca de proposições deste Vereador onde solicita o abate de árvores prejudiciais à população. Criticou a CEEE por realizar podas mal feitas nos cinamomos da Cidade. Em nome da comunidade do Conjunto Costa e Silva, apelou ao Executivo Municipal a restauração de semáforos entre as ruas Manoel Elias e Baltazar de Oliveira Garcia, na área relativa ao Porto Seco. Destacou, ainda, o grande número de acidentes verificados nas Avenidas Carlos Gomes e Protásio Alves. Após, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, do Sr. Gustavo Götze, Diretor de Distribuição da CEEE. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Vieira da Cunha registrou estar solicitando, hoje, uma audiência com o novo titular da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, a fim de tentar reabrir as negociações entre aquela Secretaria e os comerciantes da Praia de Ipanema, visando encontrar soluções para o impasse criado entre a Prefeitura e esses comerciantes quanto à ocupação comercial da Praia de Ipanema. Destacou que tal ocupação deve objetivar principalmente o beneficiamente da comunidade local. Após, o Sr. Presidente convidou o Secretário Municipal de Obras e Viação, Dr. Newton Burmeister, o Diretor de Distribuição da CEEE, Sr. Gustavo Götze, o Diretor da COHAB, Prof. Sid Umpierre, a Assessora da Diretoria Técnica da COHAB, Srª Jaqueline Menegassi, e a representante do Setor Social da COHAB, Srª Samira Rada de Melo, a integrarem a Mesa dos Trabalhos, dando início a debate solicitado pelo Ver. Vicente Dutra, através de Requerimento aprovado pela Casa, referente à ocupação indevida do terreno localizado na Av. Baltazar de Oliveira Garcia, 2604. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Vicente Dutra que discorreu sobre a ocupação verificada na área acima referida, destacando que há mais de um ano vem sendo buscada a sustação da construção de prédios naquele terreno, sem que sejam conseguidas quaisquer soluções concretas para a questão. Declarou que o presente debate visa esclarecer esse assunto. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra a Srª Beatriz Teresa de Castro que, em nome da comunidade do conjunto habitacional da COHAB localizado na Av. Baltazar de Oliveira Garcia, discorreu sobre a forma como foi ocupada a área em questão e os problemas resultantes dessa ocupação. A seguir, os Senhores Newton Burmeister e Sid Umpierre pronunciaram-se acerca da ocupação indevida do terreno localizado na Av. Baltazar de Oliveira Garcia, 2604, e responderam questionamentos dos Vereadores Ervino Besson, Vicente Dutra e Adroaldo Correa e de diversos representantes da comunidade, acerca do assunto em debate. Às onze horas e quarenta e oito minutos, o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão de Instalação da Oitava Sessão Legislativa Extraordinária, a ser realizada na próxima terça-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Wilton Araújo e Ervino Besson, este nos termos do artigo 11, § 3º do Regimento Interno, e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Aprovamos no dia 29 de junho um Requerimento do Ver. Vicente Dutra que requer a presença nesta Casa no dia 5 às 10h do Secretário Municipal de Obras e Viação, Secretário de Indústria e Comércio e do Diretor Geral de Águas e Esgotos, Procuradores-Ge­ral do Município. (Lê o Requerimento do Ver. Vicente Dutra.) Vamos iniciar os trabalhos aguardando a chegada das autoridades.

Primeiro orador inscrito, ou pela chamada, é o primeiro Vereador que nós colocamos a palavra à disposição, mas já acertado com as Lideranças e no momento que chegar os Secretários convidados nós vamos interromper as Comunicações e passar ao debate referente a proposta do Ver. Vicente Dutra. Primeiro orador é o Ver. Adroaldo Corrêa. Desiste. O Sr. Martim Aranha - deixa para mais tarde. Ver. Clóvis Brum.  Ausente. Ver. Ervino Besson. Desiste. Ver. Gert Schinke. Ausente. Ver. Giovani Gregol. Ausente. Ver. João Dib. Ausente. Ver. Isaac Ainhorn. Ausente. Ver. José Alvarenga. Licença. Ver. Lauro Hagemann, que deseja falar, foi buscar o pronuncia­mento, que está por escrito.

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Com a palavra o Ver. Valdir Fraga.

 

O SR. VALDIR FRAGA: Ver. Wilton Araújo, presidindo os tra­balhos nesse momento. Nós estamos encaminhando uma Indicação ao Presidente da República, com a intenção de buscar crédito especial para a construção de núcleos habitacionais em áreas já ocupadas ou próximas das ocupadas, por subabitações, visando à desfavelização da Cidade de Porto Alegre, um convênio entre: COHAB, Governo Federal e METROPLAN. É bem rápido o pronunciamento, é para que os companheiros tenham uma idéia da nossa idéia e da nossa vontade. Todos os senhores conhecem a nossa Beira-Rio, aqui na lateral que nós consideramos em frente da Câmara, nós temos aqui o Largo Pôr-do-Sol, e nós já estamos protocolan­do um Projeto Pôr-do-Sol, já está protocolado junto à Casa, e a nossa idéia, a nossa intenção com o Projeto Pôr-do-Sol e com o encaminhamento dessa Indicação - que a gente sabe que é difícil, não é fácil -, registrado e talvez com alguma pressão, ou liberações, ou o Presidente da República resolve sonhar durante a madrugada, e como ele é rápido nes­ses seus sonhos, decide, e pode coincidir já com o Projeto que nós tenhamos encaminhado na Câmara e também uma sugestão a S. Exª. A Vila Cai-Cai. Há tempos atrás quando nós iniciamos a pintura aqui na Câmara, essas renovações pequenas que nós fizemos em conjunto com os colegas Vereadores e demais funcionários, nós dizíamos quando alguma autoridade ou pessoas físicas chegavam a Porto Alegre, iniciavam seu trajeto através da Av. Beira-Rio, começando pela Ponta da antiga Cadeia, hoje o Gasômetro e futura Casa Cul­tural, pois quando chegavam ali olhavam para a esquerda e visualisavam um casarão abandonado - achavam que a Câmara pela maneira como estava, olhavam para a esquerda e diziam: “que malocão é aquele!” E era a Câmara Municipal. Hoje ela ainda está em estilo de malocão, mas, pelo menos, limpa e pintada. As pessoas dizem, melhorou aquele malocão lá. Mas se eles seguem em direção à Zona Sul, passando o retiro do Internacional, a área de piscinas, enfim, na direita vem a Vila Cai-Cai . Logo a seguir, se ele se dirige tanto para a Vila Assunção ou Vila Nova, Cavalhada, Belém Novo, ele, na Av. Diário de Notícias, encontra também, à esquerda, um vilarejo que é ocupado a todo instante, não por culpa da comunidade carente, mas por culpa dos problemas econômicos que to­dos nós estamos enfrentando; e eles muito mais . A nossa idéia com esse Projeto Pôr-do-Sol não é de tirá-los dali e jogá-los no outro lado da Cidade, ou outro canto com menos condições que eles têm. A nossa idéia é  de que, com essa desfavelização, se possa construir nas imediações um núcleo, talvez horizontal, através de edifícios tipo Cohab-Cavalhada, estilo até Restinga, mas vamos dizer aqui na Cohab-Cavalhada, e poder colocar essas pessoas ali, com mais condições. Esse é um Projeto que nós estamos pensando até pelo futuro – temos muito tempo ainda, como Vereador até 1992, e se formos Deputado temos mais 4 anos para brigar por isto. Há tempos atrás se brigava muito na área da educação, então resolvemos ter um direcionamento nesta área, porque sentimos que a cada dia que passa surge uma maloquinha, como já está surgindo aqui, no próprio Parque da Harmonia, ali naquelas áreas onde o pessoal faz o seu churrasquinho nos fins de semana. Não que essas pessoas que estão lá hoje não pudessem fazer também os seus churrasquinhos, os seus encontros, só que acabou virando moradias cercadas de papelões, até pelas próprias roupas dos seus moradores, e se sente que a Prefeitura não toma providências imediatas. Até pode estar estudando uma maneira de deslocar aquele pessoal. Mas, voltando à Vila Cai-Cai e àqueles campos de futebol que fazem parte da grande área de lazer da nossa comunidade mais carente, principalmente para aqueles que jogam futebol – e não são só os carentes que jogam futebol ali, tem muita gente de classe alta e média que pratica o esporte – ali têm seis campos de futebol, mas em volta desses campinhos, as favelas tomaram conta e hoje, com qualquer chuva, não há mais condições de praticar o esporte, Vereadores e moradores desta Cidade, que passam por ali, podem ver que o próprio valão, atrás do Jóquei Club, têm casas tanto do lado direito como do lado esquerdo ocupando os calçamentos. Estou falando mais na Zona Sul, onde já temos protocolado o Projeto Pôr-do-Sol, que vem anexo a essa Indicação ao Presidente da República, procurando essa desfavelização. Então, se pensou o seguinte, também naquela área do Jóquei Club: se tem seis campos de futebol e as favelas tomaram conta da área em volta dos campos e estes agora não apresentam mais condições para a prática do esporte, tendo em vista que o próprio esgoto dessas casas estão ocupando os campos e quando chove, então, não há como escoar aquelas águas, não só do esgoto das residências como da própria chuva, então, estamos pensando – e acredito até que possamos discutir com a comunidade, porque de repente a comunidade pode ficar sabendo dessa nossa sugestão distorcidamente, como acontece muitas vezes – em eliminar o campo de futebol e, quem sabe, construir, através da COHAB talvez, naquela área, pequenos apartamentos com condições de moradia para aquelas pessoas, eliminando-se as favelas que estão criando problemas para os outros campinhos. Mas não estamos preocupados com os problemas dos campos de futebol, estamos preocupados com aquelas pessoas que residem ali, se construirmos ali as pessoas não precisarão se deslocar para outras áreas distantes, como por exemplo a Restinga, porque há pessoas que trabalham ali por perto como o Estaleiro Só e que têm seus filhos em escolas públicas naquela proximidade. Essa desfavelização é para acomodar as pessoas nas proximidades e não se deslocar para outras áreas distantes. É um Projeto que aos poucos vamos esclarecer e eu coloco aos companheiros para que se somem a essa idéia e eu acredito que a idéia é boa porque a cada dia, a cada minuto, a cada noite, surge uma favela e isso não é culpa do atual governo municipal, nem culpa do governo estadual, mas a culpa pode ser de todos nós, amanhã, poderemos ser nós do PDS e depois talvez do PDS através do Ver.Martim Aranha, conforme ele está colocando que o Ver. João Dib não vai ter chance. Portanto, eu gostaria de que se outros companheiros quiserem se somar é uma idéia muito boa e eu não tenho o espírito da individualidade, a idéia é de aproveitar essa área, dentro do próprio raio em que esses moradores têm as suas atividades, isso sem falar na Sertório que está ocupada, isso também poderemos discutir, está aqui dentro do Projeto, mas como o Projeto se denomina Pôr-do-Sol, nós vamos insistir muito nesta área da orla que se direciona para a Zona Sul.

Era isso, Srs.Vereadores.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. de Vereadores, a Casa recebeu, ontem à tarde, a visita de uma Comissão de Vereadores aposentados da cidade de Criciúma, Santa Catarina. Eles vieram a Porto Alegre para pedir providências do Tribunal Federal de Recursos que tem uma sede regional aqui em Porto Alegre, que atende aos dois Estados,  para que seja suprida uma deficiência que está prejudicando os aposentados e os trabalhadores da região de Criciúma, uma região muito importante de Santa Catarina, eis que lá existe uma 8ª Vara da Justiça Federal que está sem titular e existem mais de cinco mil processos de revisão de proventos de aposentadorias que estão à espera de julgamento. Então, esta Comissão veio a Porto Alegre para instar as autoridades judiciárias da área federal a que façam uma nomeação definitiva para o titular dessa 8ª Vara em Criciúma, a fim de que esses numerosos processos não sejam mais procrastinados. É uma situação muito desagradável para os trabalhadores que se aposentaram e que estão pleiteando a revisão das suas aposentadorias. O drama dos aposentados, neste País, é de todos conhecido. O trabalhador brasileiro trabalha uma vida toda e, quando se aposenta, ao invés de receber um prêmio, recebe um castigo, que é o de andar atrás de seu minguado provento de aposentadoria. Sobretudo, os aposentados não têm mais o poder de barganha que tinham quando operários da ativa, não podem sequer fazer greve, os aposentados são, via de regra, o objeto principal da ira dos governantes, porque não têm uma organização suficientemente poderosa para enfrentar as autoridades. Por isto, acho que esta Casa pode-se somar, tranqüilamente, à reivindicação dos aposentados, dos Vereadores de Criciúma, dos trabalhadores do vizinho Estado, para que a 8ª Vara de Justiça Federal, sediada em Criciúma, tenha efetivamente um titular nomeado. Nomeia-se tanta gente para tanta coisa inútil, mas, quando se precisa de alguém para suprir um cargo específico, estas pessoas e estas nomeações são dificultadas.

Queria fazer este registro porque prometi ao meu velho companheiro de lutas sindicais, Divo do Canto, que é o Presidente da Federação dos Aposentados do Rio Grande do Sul, que aqui compareceu com esta Comissão, para que ele também se tranqüilize e receba a nossa contribuição à causa dos aposentados. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Sessão por decisão dos Srs. Vereadores deveria ser transformada numa Sessão para ouvir autoridades do Município, do Estado e do CREA e mais a comunidade que já está presente aqui no nosso Plenário para es­clarecer as responsabilidades ou omissões relativas à ocupação indevida de um terreno na Baltazar de Oliveira Garcia. Entretanto, são 10h06min, e ao que me consta a comunidade está aqui desde às 9h30min, e as autoridades ainda não chegaram. Então, aguardando mais um pouco, dentro daque­la paciência inesgotável dos brasileiros e de Porto Alegre, particularmente, eu ocupo estes 10 minutos que é para fazer um pouco mais de tem­po, dizendo que deram entrada na Mesa 33 Pedidos de Providências relativos a vários assuntos de Porto Alegre.

Particularmente, eu tenho me detido, Srs. Vereadores, nos problemas de árvores doentes, árvores que, visivelmente, estão com problemas. Ora, como fui autor de Emenda à Lei Orgânica que proíbe o abate indiscriminado de árvores, ou seja, pode-se abater árvores após o laudo técnico competente. E também autor da Lei nº 5.180, que estabelece critérios para o abate de árvores, árvores, por exemplo, que ofereçam riscos à pessoa, árvores que prejudiquem o patrimônio. Então, sempre que solicitado pela comunidade, eu faço por escrito e cito a legislação pertinente, que seja resolvido com base na Lei Orgânica, e Lei Complementar nº 5.180, o problema de vários cinamomos doentes, por apodrecimento ou ocos, na Rua Lagoinha, próximo ao nº 38, 52, e assim por diante. Então, estou apresentando vários Pedidos de Providências neste teor, para que ninguém, venha me criticar depois, que exatamente o autor da lei está pedindo o abate da árvore. Eu não estou pedindo o abate da árvore, eu estou pedindo que seja resolvido. Porque, como se sabe, há soluções para corrigir problemas de doenças em árvores, fazendo uma espécie de cirurgia, onde se faz a limpeza da área afetada e se coloca cimento ou outros elementos químicos para que a árvore possa se reestabelecer. Agora, se a árvore estiver realmente sem condições e poderá cair em cima de uma criança, em cima de um automóvel, então que se abata esta árvore e ali se coloque uma outra árvore que possa ser forte e possa ser tratada. Como é sabido, o cinamomo é uma árvore muito fraca para as podas, e a CEEE, lamentavelmente, faz podas sem qualquer técnica, simplesmente com facão, faz aquelas podas e visualmente se vê que estas podas são mal feitas e com isso há introdução de umidade e o cinamomo em seguida apodrece. Isso é um problema que já vimos alertando há muito tempo, não só este Vereador, mas outros. E nós chamamos a atenção da Secretaria Municipal do Meio Ambiente para que cuide de uma forma muito especial a estas árvores, especialmente o cinamomo que é uma árvore que foi plantada em grande quantidade aqui e Porto Alegre.

Estou dando entrada também em Pedidos de Providências para a substituição de lâmpadas queimadas. Mas, aproveitando a oportunidade em que moradores do Conjunto Costa e Silva estão presentes aqui para participar do nosso debate com as autoridades, eu faço uma reclamação muita sentida, em nome da comunidade, ao problema que encaminhei se não me engano em junho do ano passado, solicitando a alteração da sinalização, do semáforo que fica ali na confluência da Baltazar de Oliveira Garcia com a Manoel Elias. É sabido que esta confluência é da maior importância porque liga dois bairros, liga a Manoel Elias ao Porto Seco através do Conjunto Costa e Silva, porque a Manoel Elias tem acesso ao Porto Seco e também tem acesso ao próprio Conjunto onde moram cerca de seis mil pessoas, onde há escolas, enfim, há um tráfego intenso naquela área e a sinalização não está boa, porque ela faz uma conversão à esquerda e isso tem ocasionado acidentes de toda a ordem, inclusive acidentes com mortes, infelizmente. Ainda, na semana passada, houve um acidente muito grave em torno das sete horas da manhã e a comunidade me ligou e eu encaminhei, já que a Secretaria Municipal dos Transportes não tem dado a mínima atenção, embora estivesse pessoalmente lá e reiterei, tem dezenas de pedidos feitos aqui nesta Casa, por escrito, como não tem dado atendimento, encaminhei um telex ao Sr. Prefeito Municipal informando daquele grave acidente da semana passada e pedindo ao Sr. Prefeito Municipal que determine à SMT a correção daquela sinalização na Baltazar de Oliveira Garcia com a Manuel Elias.

Falando ainda em SMT, solicitei que se fizesse a conversão à direita na Av. Carlos Gomes, na Protásio Alves, quem vem do bairro para o centro, e na rótula, em vez de esperar a abertura do sinal que dá fluxo para Protásio Alves ou conversão para Av. Tarso Dutra, a conversão à direita, a exemplo do que já existe em Porto Alegre, na PUC, se faça livremente, dando mais vazão ao fluxo de veículos. Agora, parece que um posto de gasolina pressiona no sentido de que não haja a conversão, pois o posto não teria o acesso de veículos com a conversão, quem quer utilizar o posto tem que fazer uma volta na quadra, mas da Protásio, ou da Tarso Dutra, que é a continuação da Av. Salvador França, nome dado pelo ilustre Ver. Aranha Filho, que muito nos honra, homenageando esse ilustre homem público, não poderiam atingir o posto, mas isso, facilitaria o trânsito de veículos naquela artéria. O ver. Adroaldo Corrêa, muito atento, me faz sinal de que dificultaria a passagem de pedestres, mas não dificulta, pois em frente ao Real há uma sinaleira para pedestres, então ele teria que parar novamente, quando poderia entrar à direita, facilitando o tráfego de veículos naquela artéria que, aliás, por denominação desta Casa, toda aquela confluência passou a chamar-se de Esplanada Cônego Alfredo Dick, cônego que durante 50 anos administrou a Paróquia São Sebastião.

Era o que gostaria de dizer, aguardando a presença das autoridades que debaterão com os Vereadores e comunidade a grave ocupação indevida de terrenos pertencentes à comunidade, por bailões e companhias na Baltazar de Oliveira Garcia. A comunidade está aqui desde às 9 horas, e as autoridades ainda não chegaram. Estão presentes a COHAB, Sesc... Pediria ao Sr. Embaixador, que representa a Câmara, nosso amigo Adaucto, que fizesse ligação com as autoridades que são: o Sr. Secretário da SMOV, da SMIC, a Procuradoria-Geral do Município, e também nós tínhamos convidado o CREA, já que o assunto envolve engenharia e autorização para funcionamento de prédios. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Sr. Gustavo Götze, Diretor de Distribuição da CEEE, Presidente em exercício, também convidado para a reunião que nós teremos em instantes.

Com a palavra o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente em exercício dos trabalhos, Ver. Wilton Araújo, colegas Vereadores. Já que as autoridades municipais ainda não se encontram presentes, resolvi utilizar esse espaço de Comunicações para dizer que estou solicitando hoje, uma audiência com o novo titular da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio o Economista José Luis Moraes, a fim de tentar reabrir as negociações entre esta Secretaria e os comerciantes da Praia de Ipanema. Infelizmente, as conversações e as negociações com o ex-titular da SMIC, e atual Secretário do Planejamento do Município se esgotaram, ao meu ver, sem que motivos bastantes houvesse para tanto, se esgotaram essas negociações precipitadamente, e hoje está o assunto a cargo do Poder Judiciário. Eu quero, portanto, aproveitar a troca de comando nessa Secretaria, para tentar reabrir as negociações entre o Executivo e aqueles comerciantes da Praia de Ipanema, na tentativa de mais uma vez se chegar ao acordo a respeito da ocupação daquele espaço da Praia de Ipanema, por esses comerciantes. Desde o primeiro momento, eu particularmente senti e sei que fui acompanhado nesse sentimento por vários outros colegas, que com boa vontade, fundamentalmente com boa vontade nós poderíamos ter chegado a um acordo entre a Prefeitura e aqueles comerciantes. De parte dos comerciantes, há ainda a abertura no sentido de se ocupar ordenadamente e organizada­mente aquele espaço para que a população possa usufruí-lo da melhor maneira possível. Quero deixar registrado, portanto, que voltarei novamente a minha atenção para a solução deste agora já impasse criado entre a Prefeitura e esses comerciantes. Tenho absoluta convicção de que o fato de a SMIC estar sendo ocupada agora por um novo titular será importante para que nós reiniciemos negociações entre as duas partes e cheguemos a um denominador comum, sem a necessidade desta intermediação do Poder Judiciário. Os comerciantes estão dispostos a abrir mão até de possíveis direitos adquiridos que tenham da ocupação daquela área em beneficio do melhor uso pela comunidade daque­le importante espaço de lazer para o porto-alegrense.  Não há nenhum sentimento radical contrário à idéia, que deve até ser aplaudida, da Prefeitura, de reorganizar aquele espaço urbano; o que há e o que se quer é a sensibilidade da Prefeitura para que aqueles comerciantes alguns ali instalados há mais de 10, 20 anos, não tenham simplesmente cassado esse direito que adquiriram com o tempo em que ali exercem as suas atividades comerciais. Ali não está instalado nenhum grande capitalista, nenhum grande proprietário, são pequenos comerciantes que dependem da sua atividade para a própria subsistência e para subsistência de suas famílias. A população usufrui, necessita daquele tipo de serviço naquele espaço urbano. O que precisa, e nós vamos tentar buscar esse entendimento, é que realmente haja por parte da Prefeitura por um lado, essa compreensão de que eles têm direito de permanecer ali e, por outro lado, compreensão dos comerciantes para que eles se organizem, se reestruturem na maneira mais adequada para que, afinal de contas, quem saia vencedor desse impasse seja a maioria da população de Porto Alegre. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador Ver. Wilson Santos. Ausente. Wilton Araújo. Desiste. Abrimos espaço para os Vereadores não titulares que desejarem fazer uso da palavra. (Pausa.) Nenhum Vereador se inscrevendo, vamos registrar a presença do Prof. Sid Umpierre, que é o Diretor da COHAB, do Secretário de Obras e Viação, Newton Burmeister, para a nossa satisfação.

Vamos iniciando a reunião convidando as autoridades a fazerem parte da Mesa: o Secretário Municipal de Obras e Viação, Dr. Newton Burmeister, o Diretor de Distribuição da CEEE, Sr. Gustavo Götze, o Diretor da COHAB, Prof. Sid Umpierre, a Assessora da Diretoria Técnica da COHAB, Srª Jaqueline Menegassi, e a representante do Setor Social da COHAB, Srª Samira Rada de Melo.

Por Requerimento do Ver. Vicente Dutra, aprovado por esta Casa, foram convidados diversos Secretários para tratar de assunto referente à ocupação indevida do terreno localizado na Av. Baltazar de Oliveira Garcia nº 2604. Por ser o requerente, nós solicitaríamos que o Ver. Vicente Dutra iniciasse sua exposição para, logo após, os nossos convidados e a comunidade terem a oportunidade de se manifestarem também.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente; Srs. Vereadores; Sr. representante da COHAB; Sr. representante da CEEE; Secretário de Obras e Viação Vitor Burmeister; demais representantes dos governos municipal e estadual; em especial, queridos amigos da comunidade Costa e Silva.

Nós seremos breves, porque o assunto que será discutido a partir de agora, nesta Casa, é do conhecimento de todos. A comunidade levantou a questão, trouxe-a a esta Casa, através deste Vereador, nós já a abordamos da tribuna em várias oportunidades, os Vereadores têm bastante conhecimento sobre o assunto, a COHAB muito mais, porque é um terreno de propriedade da COHAB, a SMOV também tem conhecimento e a CEEE poderá nos trazer alguns esclarecimentos, mas também conhece o assunto, informada que foi. Eu, apenas para iniciar o debate, gostaria de deixar registrado que este assunto foi abordado por este Vereador ainda no ano passado, alertando a COHAB e as autoridades do Município de que estavam sendo construídos prédios irregulares em cima daquele terreno. Fizemos Pedidos de Informação, Pedidos de Providência, a imprensa vez que outra divulgava denúncias sobre essa irregularidade. Mas, decorrido quase um ano dessas informações, nós verificamos contristados que o Poder Público foi fraco, foi omisso ou foi o responsável. Aliás, nós todos somos responsáveis, pelo Poder Público não ter conseguido pelos meios normais sustar a construção daqueles prédios. Particularmente, me refiro ao prédio, segundo fotos tiradas ontem, de uma churrascaria colocada em cima do terreno, uma churrascaria que se transformou em bailão. Está em dupla irregularidade, porque além de estar construída em cima de terreno do povo, da COHAB, ela ainda ocupa uma área que será o complexo de uma rótula para acesso ao Porto Seco. A avenida principal de acesso ao Porto Seco passa, exatamente, na avenida principal do Conjunto Costa e Silva, onde residem 6.000 pessoas, são 1.200 moradias. Pois, exatamente, onde se fará a rótula este cidadão constrói um bai1ão, que durante as horas de folga do bailão se transforma em churrascaria. Mas não é só o bailão, tem borracharias, trei1ers, há nitidamente o consumo de bebidas para menores, já houve um assassinato ali naquela área.

A SMIC determinou o fechamento de alguns prédios de comércio, mas eles continuam funcionando à noite. Vemos mais uma vez a impotência do Poder Público para conseguir conter isto.

Este pessoal desafia a todos nós, a esta Casa, à SMOV, à SMIC, à COHAB, desafia o povo como um todo. Constrói à revelia,  não há quem consiga contê-los. O CREA também foi omisso, foi convidado para participar e não deu resposta. Na verdade, Sr. Presidente, solicitamos esta reunião para ouvir das autoridades; da COHAB, o que fez para sustar isto? Da SMOV, o que fez? A CEEE se ligou a 1uz, por que o fez? Enfim, da comunidade ouvir seus reclamos sobre este assunto.

Sugeriria que fossem ouvidas duas pessoas da comunidade, e posteriormente, gostaríamos de ouvir as autoridades presentes. Era só.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos de identificar as pessoas que queiram fazer uso da palavra para que a Taquigrafia possa registrar nos Anais da Casa.

 

A SRA. BEATRIZ TERESA DE CASTRO: Sou moradora há 10 anos deste conjunto e para esclarecer sobre o assunto quero dizer que este terreno esteve protegido durante uns 3 anos por um tipo de zelador que cuidava daquele terreno, não sei se por ordem da COHAB ou não. Este senhor foi retirado dali e este terreno ficou à mercê e foi ocupado por um parque de diversões e por muitos anos eles estive­ram ali. Para surpresa nossa de repente começou a ocupação daquilo ali e, quando nós protestamos, eles nos responderam que tinham ordem da COHAB, protocolos da COHAB, que permitia que se instalassem ali para comércio, na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia. Nós tentamos com diversos abaixo-assinados, que não surtiram efeito em nenhum momento. Aquelas construções continuaram. Nós pedimos providências da SMOV, da SMIC, da COHAB, que não podiam permitir tantas construções irregulares, sem plantas, sem registro do INPS, etc. Ali se instala­ram diversos comércios, desde o bailão, oficina mecânica, serralherias, vidraçarias e na parte de traz começou a ocupação para moradia, inclusive tem funcionários da COHAB que têm prédios ali, os que têm comércio também têm moradia e para surpresa nossa toda a ligação de água e luz é irregular, não tem instalação de esgoto, os esgotos estão escorrendo pela nossa rua abaixo, pelas duas avenidas principais, a céu aberto, sem acesso às paradas dos ônibus, foram fechados, obrigando os moradores fazerem uma volta enorme para chegar até a parada. Sem contar com um problema maior: funcionamento de comércio ilegal à noite inteira, com jogatina, venda de tóxicos e, inclusive, para menores. Ajuntamento de marginais. Seguido a polícia está lá, inclusive, com tiroteios a céu aberto, porque ali é um antro. Esse cidadão que recebeu a intimação da SMIC para que fechasse desde março, ele simplesmente não obedece e desafia, ameaçando a nossa vida. Diz que não temos direito a nada, que fiquemos no nosso canto e que eles estão protegidos e citaram nomes. Tem um Deputado, Elias Leme, que é funcionário do Piratini, que está cobrando dinheiro deles para legalizar a situação. O DMAE, apesar dessas irregularidades, para surpresa nossa, foi lá, arrebentou o asfalto da avenida principal à procura do cano para atender ao bailão e deixaram tudo rebentado, não encontraram o cano principal para ligar e não arrumaram. Quem vai ser responsável pelo conserto agora? Estamos indignados e exigindo uma resposta, porque estamos batalhando e batendo em portas fechadas. O que está por trás de tudo isto? Eles alegam que estão regularizados e que têm planta e autorização da SMIC para funcionar. Isto é verdade? Gostaríamos de ter uma resposta e ver como vai ficar isto.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRES!DENTE: Agradecemos a presença de todos e do Secretário da SMOV, mas lamentamos a ausência dos demais convidados face à gravidade do assunto: do Secretário da Indústria e Comércio, do Diretor-Geral do DMAE e da Procuradora do Município, que não se fazem presentes, nem mandam representantes. Há um evidente descaso com o problema, embora estejamos aqui com o Secretário de Obras.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Ontem à tarde, estivemos em contato com o Gabinete do Sr. Prefeito, reiterando o convite e também como nosso Embaixador, o Sr. Adaucto. Segundo informações do Sr. Adaucto, houve gestões para que as autoridades se fizessem presentes. Surgiu a presença do Secretário Burmeister, que sempre foi atento, sempre nos ouviu, pelo menos esta atenção sempre tivemos do Secretário. Os demais foram convidados reiteradamente e, como V. Exª, eu também lamento a ausência deles aqui.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Secretário da SMOV.

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, membros da comunidade, a oportunidade que enseja que tragamos aqui os esclarecimentos sobre este assunto conduz para um momento importante desta relação entre o Executivo, o Legislativo e a comunidade. Inicialmente, eu desejaria  caracterizar a ausência dos outros membros convidados, por ter eu sido designado como representante desses Secretários e da Procuradoria, já que consolida a SMOV um volume razoável de informações sobre este assunto. Este assunto tem início, para a fiscalização da SMOV e da SMIC, em junho do ano passado, havendo sido expedidos autos e notificações interditando e solicitando o encerramento das atividades ali localizadas, principalmente daquelas caracterizadas como comerciais, situadas junto à Baltazar de Oliveira Garcia e esquina Manoel Elias. Os procedimentos de fiscalização se deram, e na decorrência foram constatadas todas as relações ali envolvidas; é uma área de propriedade da COHAB, ocupada por diversos tipos de atividades comerciais, e por algumas moradias, sendo que as principais localizam-se na Manoel Elias, caracterizadas como um bailão e outra atividade, que perfazem um total de 800 m² de área. São irregulares, não possuem qualquer tipo de licenciamento. Concordando com o relato da representante da comunidade, foram insensíveis a qualquer tipo de admoestação, por parte do Poder Público, no sentido de sustar, suspender, ou tomar qualquer iniciativa com relação ao caso. Os processos, as informações, consolidadas que estão num processo da SMOV, de notificações de obra irregular, da Divisão de Controle e Fiscalização da SMOV, com levantamento feito na área, e concluído em meados do mês passado, identificam 16 irregularidades cadastradas e montadas num levantamento feito, principalmente, identificando aquelas áreas que estão sendo dadas como moradia; tem-se notícia de que existe uma pessoa que comercializa esses imóveis. Há uma parte que não foi possível cadastrar face a sua densidade e multiplicidade que se localiza entre comércio de borracharia, fruteira, e coisas do gênero, que estão localizadas junto à Baltazar de Oliveira Garcia. Este total implica 1.400m2 de áreas construídas na região, todas elas irregulares. Há um documento da COHAB, também, identificando as suas iniciativas com relação à área já com o processo de reintegração de posse junto àquela área, em andamento na Justiça.

O Processo foi examinado pela Secretaria Municipal de Obras. Tivemos a oportunidade de reencetar este assunto a partir de uma solicitação do ilustríssimo Ver. Vicente Dutra que, com uma promoção da Secretaria, incidia sobre aquela área. E estamos encaminhando, e por esta razão a ausência da nossa Procuradora-Geral do Município, neste momento, porque ela não tinha ainda recebido o processo que está sendo encaminhado agora, após o exame da Assessoria Jurídica da Secretaria Municipal de Obras, para ajuizamento de ação fiscal e ação demolitória.

Então, isto está sendo encaminhado, para a Procuradoria-Geral do Município, já para as definições finais, criados e analisados os argumentos que aqui estão consubstanciados nos documentos que estabelecem este processo. Foram enviados para compor este processo, também, as iniciativas da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, onde, num despacho do dia 07 de junho de 1989, do então Secretário João Carlos Vasconcelos, determina o seguinte: "A dependência de outras Secretarias intervirem nos estabelecimentos não elimina a ação imediata da SMIC, no sentido de coibir o comércio ilegal. É necessário determinar o encerramento das atividades. E caso esta providência já tenha sido tomada, proceder ao termo de interdição. Após, fazer relatório, a fim de ser enviado às outras Secretarias para as providências cabíveis”. Isto data do dia 07 de junho do ano passado. Então, nestes trâmites todos, inclusive com os termos de notificação e interdição, passam a fazer parte, agora, deste processo, já que este material nos chegou por relatório da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio, na data de ontem.

Então o que temos a esclarecer em relação ao DMAE é que fizemos um contato com o Diretor-Geral do DMAE relativamente à área e, efetivamente, o DMAE esteve trabalhando na área, mas não procedeu à ligação, tendo em vista não existirem as documentações que permitissem fazer a ligação.

Quanto aos outros serviços de infra-estrutura, foge a nossa competência avaliar. E quanto às questões determinantes da questão fundiária, relaciona-se entre a COHAB e os ocupantes e isso já está encaminhado de maneira formal. Preliminarmente, é esta a nossa informação.

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. Secretário, o que nós entendemos é que vai ser encaminhado imediatamente à Procuradoria-Geral?

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: Sim, a Procuradoria-Geral, para ajuizamento de ação demolitória.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos solicitar ao Prof. Umpierre que representa a COHAB, se manifeste exatamente neste minuto, dado o questionamento, se há permissão ou não há permissão? Que tipo de relação há?

 

O SR. SID UMPIERRE: Nós desejamos inicialmente cumprimentar a Presidência da Mesa e também os demais integrantes desta Casa e o Sr. Secretário Municipal e, de uma forma muito entusiástica, cumprimentar o Ver. Luiz Vicente Dutra, que nos parece foi o acionador de toda esta situação altamente importante para a vida da Companhia, no que diz respeito a este programa do Conjunto Habitacional Costa e Silva.

Saúdo, também, a comunidade que está aqui e que tem sido incansável na busca da solução deste problema. Concordo plenamente com a nossa mutuária da COHAB, que tem encontrado as portas fechadas. Realmente, nós também temos. Desde que assumimos a Direção da Companhia, através da pessoa do Dr. Wilson, temos tido problemas desta ordem e não é apenas restrito ao Conjunto Costa e Silva, temos problemas de invasões nesta áreas da Cavalhada, do Rubem Berta, em Guajuviras. É uma verdadeira anarquia, meus senhores. E me desculpem a franqueza, porque nós sentimos isso lá. O interesse da atual administração da Companhia é regularizar por definitivo esse tipo de problema. Então, nos causou, assim, uma alegria muito grande, no momento em que o Dr. Dutra nos desafiou para este trabalho, nós oferecemos naquele momento, e ele está aí para provar, todos os meios para que ele pudesse conhecer na sua profundidade e na sua extensão o problema do Município. Eu até disse a ele, quando em alguns contatos que tivemos em que ele se mostrava assim muito apreensivo, porque não havia uma seqüência da coisa, eu disse: “Dr., quisera eu ter a tribuna que o senhor tem, onde eu pudesse falar com clareza e mostrar as coisas que  estão erradas em relação a toda situação que a COHAB assumiu, e que são  resultantes aí, de uma desistência de um quarto de século, de maus gerenciamentos, de aproveitamentos, porque o que se aproveita nesta Companhia, em termos de exploração, de vendas irregulares, especulação, vigarice, o que se faz em cima da COHAB é imperdoável”. E nós, como homens que temos uma passagem determinada no tempo e no espaço dentro da COHAB, e esta é a promessa que o Presidente da COHAB tem feito à comunidade gaúcha. Vamos ficar pouco tempo ali, mas agora o que pudermos incomodar no sentido de acertarmos essas coisas, nós vamos fazer - doa a quem doer.

Quero apresentar duas colegas que estão conosco, a Drª Jaqueline nossa arquiteta da Companhia, que veio para, se necessário, interferir nessa parte mais técnica, e a Drª Samira, nossa socióloga. Porque a COHAB ainda tem paciência de também olhar essas coisas sob o ponto de vista da assistente social. Eu já sou bem mais realista. Acho que essas coisas têm que ser tratadas com a dureza que merece. Feito este preâmbulo que achei muito importante, quero dizer o seguinte: esta área está colocada na Av. Baltazar de Oliveira Garcia, junto com a Manoel Elias, é uma área mais ou menos em torno de 7.000 m², que foi destinada especificamente para a colocação de atividade comercial racional. Todos os núcleos da COHAB têm que prever o local onde vai estabelecer o comércio. Aquele é um dos menores núcleos que nós temos, o Costa e Silva. Aliás, muito bem organizado, diga-se de passagem. Mas nós temos que fazer essa previsão. Os projetos todos, que são concebidos, trazem esta exigência, as áreas comerciais, as reservas técnicas e as áreas verdes, todas elas são limitadas no seu tamanho - até por lei -, segundo eu conheço. Esta área, em torno de 7.000 metros, foi dividida em lotes para ser ocupada dentro deste critério, com comércio diversificado, farmácia, padaria, loja, armazém, supermercado e, até por sua extensão, procurando facilitar a acomodação de pessoas dentro dessas atividades. Lamentavelmente, entretanto, por esse tipo de atividade paralela que existe nestas coisas, por inter­ferências nas quais nós não conseguimos colocar mão, esta situação toda se transformou num verdadeiro caos; e hoje aquilo lá, honestamente, quem passa ali na esquina da Baltazar de Oliveira Garcia com Manoel Elias, uma área altamente valiosa - em temos de custo, aquilo ali é uma fortuna - ela está totalmente convulsionada porque, lamentavelmente, houve um processo de degeneração da própria á­rea e, em alguns aspectos, favorecidos pela COHAB, que começou ini­cialmente locando aquela área. Nós não temos, Sr. Presidente, nenhuma venda ali, a COHAB não vendeu nada, até porque não pode vender. As vendas destas áreas são feitas por licitação, com processos administrativos formados, ali não existe 1m2 vendido. Agora, sabemos que existe uma enormidade de agentes, chamados corretores de imóveis, que estão vendendo para a mesma pessoa 3, 4 terrenos, ou vendendo o mesmo terreno para 3, 4 pretendentes. O que a COHAB fez de concreto? Com estes, nós fomos alertados pelo Secretário que teríamos ali 16 áreas mais ou menos legalizadas. Nós temos o registro de que chegamos a locar 14 lotes naqueles cujos contratos já se extinguiram, as pessoas não pagam mais nada, não respeitam mais nada; se manda cobrar, notifica-se, se manda intimar e ninguém comparece, ninguém se explica, e as coisas continuam se multiplicando sem que nós, da COHAB, que somos os donos da área, possamos fazer alguma coisa. É importante, e talvez até necessário, que se saliente que a Companhia não tem poder nem de polícia nem de justiça. Nós não podemos chegar lá e tirar as pessoas à força. Nosso único caminho, e isto nós temos colocado para a associação de moradores, para os grupos de moradores que têm nos procurado, temos colocado que estamos utilizando o caminho da Justiça. Temos, atualmente, cinco ações de retomada, na Justiça. Ações essas que já não dependem mais da Companhia, mas da solução judicial. Após a devolução dessa área da COHAB – e é uma coisa estranha o que acontece, quer dizer, nós estamos esperando ansiosamente para resolver problemas da comunidade, que pessoas invasoras nos devolvam as coisas no dia em que quiserem e quando quiserem. Essa área será, como temos feito até agora, colocada à disposição da comunidade para que ali seja planejada efetivamente uma atividade comercial diversificada, porque a área é para isso, a área não pode ter concessão de residências - o Plano Diretor da Cidade não permite isso. Desconheço que exista alguém da COHAB morando ali. Gostaria até de receber os documentos legais, o contrato de compra e venda e o pagamento de carnês.

 

(Aparte anti-regimental: "Uma funcionária da COHAB alega que comprou.").


 

O SR. PRESIDENTE: Para tentar conduzir de forma que os nossos registros taquigráficos saiam de acordo, esgotado o pronunciamento do Professor e logo após ouvir a CEEE abriremos para apartes da comunidade e dos Srs. Vereadores. Desta for­Ima, ficamos mais organizados.

 

O SR. SID UMPIERRE: Relativamente ao problema daqueles imóveis possuírem luz e água ligadas, há uma solicitação formal da COHAB para que não sejam ligadas nem água nem luz em imóvel irregu­lar. É a única maneira que temos de coibir essas coisas. No entanto ali, no caso, não fomos atendidos. Então, concretamente, não existe compromisso algum com ninguém por parte da COHAB dentro daquela área, não existe sequer um metro vendido e não há pretensões da COHAB em fazê-lo, até que tudo isso se esclareça, a fim de que ali se crie o que nós que­remos: um centro comercial, com todos os recursos, que venha a servir aos moradores e não incomodá-los. Temos cinco ações na Justiça e a partir do apelo que foi feito pelo Ver. Vicente Dutra, nós recorremos à SMOV e à SMIC, por quê? Porque teoricamente, nos parece, à SMOV compete autorizar ou não construções e à SMIC compete, nos parece, teoricamente, autorizar ou não o funcionamento de qualquer tipo de comércio. Era o que tínhamos a colocar relativamente à posição da COHAB nesta área. As ações estão nas 1ª, 2ª 3ª e 4ª varas, e me informou o Departamento Jurídico da Companhia que estavam em fase final. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos solicitar ao representante da CEEE, Dr. Gustavo, que nos explique, também, porque, apesar das solicitações, nós temos as ligações de energia elétrica lá no local?

 

O SR. GUSTAVO GÖTZE: Sr. Presidente da Mesa, Vereadores, autoridades, membros da comunidade presentes, diria que é uma satisfação estar aqui, é uma oportunidade para fazer alguns esclarecimentos em nome da CEEE. Na verdade a CEEE é uma Companhia do Estado do Rio Grande do Sul que é concessão do Governo Federal, e ela se submete à legislação do poder concedente que é a União, não só a CEEE, como todas as concessionárias de todos os Estados membros da União. E, segundo a Legislação, a CEEE não pode perguntar se, para fazer uma ligação de luz, ela só se pergunta com relação aos aspectos técnicos e os aspectos desta legislação pertinente, que é a federal, ela não per­gunta se o consumidor é inquilino, se o consumidor é proprietário, se o consumidor é invasor de um prédio e de certa forma isso nos causa até alguns problemas, até não estou entrando no mérito da legislação, só estou explicando que nos causam alguns problemas na medida em que há um pleito de todas as concessionárias estaduais junto à União, junto ao Departamento Nacional de Águas, Energia Elétrica, que é o órgão nor­mativo do setor elétrico, no sentido de vincular a conta de energia elétrica à propriedade, por quê? Porque sempre que ocorre de haver inadim­plência do consumidor não pagar a conta de luz, nós não temos nenhuma garantia real daquele débito, de cobrar aquele crédito, uma vez que a conta de luz se vincula ao titular, aquele que fez o pedido de ligação. Então, os Senhores vejam que há um pleito das concessionárias de energia elétrica junto à União de modificar a legislação, me parece que no setor de águas é assim. Parece-me que quem deve a conta da água, no caso de inadimplência, é o proprietário do prédio, então a concessionária de água tem uma garantia real, tem como buscar esse débito, uma vez que a garantia real é o próprio imóvel. Na CEEE não ocorre isto, uma vez havendo rede de energia elétrica, havendo arruamento no caso, o consumidor providenciando entrada de energia elétrica regular, poste, caixa de medidores, e a instalação elétrica interna estando regular, a concessionária é obrigada a fazer a ligação. Nós temos, no caso, pedido da COHAB que foi feito em relação a esta ocupação, e outras, respondemos informando a legislação. Há uma série de decisões judiciais compelindo a CEEE a fazer este tipo de ligação.

No conjunto Rubem Berta, quando houve a ocupação, a CEE a pedido da COHAB ficou segurando as ligações, e os ocupantes dos imóveis, através de medida cautelar, conseguiram liminar determinando que a CEEE cumprisse a legislação. Diria que este é um problema de natureza legal, social, administrativa.

Pelo que vejo as autoridades competentes, tanto na área estadual, como municipal já tomaram as providências, entraram com ações junto ao Judiciário, buscando reintegração de posse, e a solução do problema. Só diria que a CEEE não pode ser usada como meio de compelir o consumidor a sair de lá. Ela não tem condição de cortar o abastecimento de energia nestas moradias.  Sob o ponto de vista da legislação, sob o ponto de vista técnico, estas moradias se encontram regularmente ligadas.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Srª Beatriz.

 

A SRA. BEATRIZ TERESA DE CASTRO: Gostaria de perguntar por que em outras ligações, regulares, os senhores exigem o contrato ou a planta. E para fazer estas ligações?

 

O SR.  GUSTAVO GÖTZE: A Companhia só exige uma identidade do consumidor para fazer a ligação. Para o comércio? A Companhia só exige contrato, se acerca quando há débito com relação ao consumidor anterior.

Ocorre o seguinte: um consumidor abandona um imóvel e vai locar outro, qualquer remanejo muitas vezes fica um débito, porque o consumidor pagou a última conta de luz, se muda, mas há um débito de uma conta que ela não recebeu. A CEEE exige um comprovante de que o morador novo não seja o devedor, para evitar o corte. Nos imóveis comerciais a Companhia exige a planta elétrica interna e o reforço de rede. Estas ligações estão regulares.

 

O SR. ERVINO BESSON: Presidente Wilton, Secretário, entidades presentes e o Ver. Vicente Dutra em boa hora trouxe esta iniciativa para cá. Não sei como funciona a fiscalização dos prédios da COHAB, mas se há uma determinada área destinada para um centro comercial e, de repente, chega um “vivaldino” e constrói um prédio enorme, quase pronto e a fiscalização nada faz para impedir a construção deste prédio, e se a gente faz qualquer obra no outro dia a fiscalização está lá. Sabemos nós que no momento que entrar para a luta judicial, entra ano e sai ano, e não se resolve.

 

O SR. SID UMPIERRE: Eu gostaria de deixar claro que a luz está irregular, o problema seria irregular por parte da CEEE e não da COHAB.

 

O SR. GUSTAVO GÖTZE: Eu gostaria de salientar que a luz não é irregular, se V.Exª  entendeu bem a minha explanação...

 

O SR. SID UMPIERRE: Tudo bem, eu só queria dizer é irregular no que diz respeito às exigências da CEEE. Mas, em resposta as indagações, eu quero dizer que a COHAB tem procurado trabalhar com as associações de moradores, tem procurado valorizar as associações, dividindo com elas as nossas responsabilidades. Só para citar um exemplo, a COHAB está conveniando com as associações de moradores para que os carnês que são cobrados mensalmente das pessoas, a COHAB faz a entrega na casa do mutuário e ele paga no Banco, e recebe por este trabalho a quantia de Cr$ 50,00 por recibo, e também tem sido assim com as nossas terras. A COHAB não tem como fiscalizar e nem policiar, não há uma infra-estrutura para que possa fazer isso. Então, nós utilizamos a própria comunidade, e isso tem tudo um efeito muito positivo só que no caso do Costa e Silva não havia essa mentalidade ainda. A área foi programada legalmente, existem documentos que estavam em vigor até há um certo tempo atrás, sem nenhum problema, mas a partir de uma certa época para cá a situação se desmantelou de uma certa maneira porque os próprios moradores começaram a convidar outras pessoas para morarem ali e, lamentavelmente, a COHAB não tem poder de policiamento, nem a Bragada Militar aceita que cheguemos lá e peçamos para que nos ajude. No momento em que não temos poder de retirar pessoas para poder embargar as construções 24 horas depois parar, 24 horas depois, a exigência que se faz é que a COHAB entre por via judicial. Quando vai terminar esta intervenção através da Justiça, já tem um edifício construído. Não temos condições de controlar. Efetivamente, a COHAB locou o terreno para comércio, não para bailão, pois, para isto a COHAB não pode locar. A área foi locada para comércio, gêneros alimentícios de primeira necessidade e de abastecimento múltiplo.

 

O SR. ERVINO BESSON: Há um contrato claro para quem alugar o terreno.

 

O SR. GUSTAVO GÖTZE: Sim, há um contrato de locação, em que se especifica a metragem da área, os objetivos da locação, contrato com tempo de duração determinado, etc. O que houve foi que a COHAB buscou rescindir os contratos, mas as pessoas não saem, não entregam. Es mos com oito residências numa área, com liminar da Justiça e o Oficial Justiça não se anima a tirar as pessoas.

 

O SR. PRESIDENTE: O Secretário Burmeister vai explicar como é que surgiram estas obras sem que a fiscalização tenha tomado uma medida maior.

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: Não só sobre este aspecto que o Presidente enseja, mas também sobre as iniciativas da própria Secretaria, ao constatar, no ano passado, a incidência vigorosa de relações de ocupação, na Cidade, irregulares; não só de próprios particulares, mas também de próprios do Município. Isto ensejou a  criação de uma chamada Comissão de Ocupações Irregulares, que tem-se inter-relacionado, sistematicamente, com todas estas circunstâncias que se têm apresentado, relativamente a este tipo de problema. Especialmente com a COHAB, e por muita insistência, já que ambos os organismos, a COHAB e a Prefeitura, no caso a Secretaria Municipal de Obras, necessitavam articular um pensamento e uma ação comum neste procedimento; tanto é que representantes técnicos da COHAB estiveram reunidos com a Comissão de Ocupações Irregulares, dando o encaminhamento necessário para a regularização e iniciativas no âmbito desses espaços específicos. No que diga respeito a esta relação, o que aconteceu é que dada a inicial, a fiscalização, há uma necessidade de se acumular meios capazes de fazer com que a ação de reintegração, ou demolitória, ou interdição, ou qualquer repercussão sobre as áreas, elas têm todo o amparo que a legislação prevê para essas circunstâncias para que não sejam medidas inúteis, de tal forma que se possa ter uma consistência na intervenção. Este processo, como disse, iniciou em junho do ano passado, por iniciativa da Prefeitura Municipal, através da SMOV e SMIC, entretanto, a insensibilidade, já referida por nós, por parte dos transgressores e uma estratégia de construírem em rápido espaço de tempo, e criar uma circunstância, de colocar telhado, que já muda a relação entre o poder fiscalizatório e a ação de Justiça, tendo esta condição, as ações passam a ser caracterizadas por outros procedimentos. Neste período de um ano montamos os meios, e as pessoas transgressoras conseguiram completar a construção, mas isto agora está sendo encaminhado para a Procuradoria-Geral do Município para ajuizamento da ação demolitória. É o passo que vai ser dado.

Era este o esclarecimento que gostaria de ter prestado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Com a palavra o Sr. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Secretário, demais membros da Mesa e da comunidade, nós objetivávamos nesta reunião propiciar este salutar debate em torno deste assunto porque este problema se repete em Porto Alegre.

Logo nas primeiras colocações feitas pelo Sr. Secretário da SMOV, pelo Sr. Presidente da COHAB, sobre a incapacidade de o Poder Público administrar uma situação destas, fico inquieto quando escuto as informações trazidas pelas autoridades tão importantes, meus diletos amigos. Mas fico inquieto porque vejo que realmente o Poder Público, não vou dizer omisso, mas é totalmente enfraquecido para enfrentar uma situação que se discute neste momento.

Eu perguntaria ao Professor Sid, veja bem, com todo o respeito que eu tenho a V. Exª e reconheço um homem preocupado com as coisas da COHAB, mas como agiria qualquer pessoa quando visse invadida uma propriedade sua, particular. Por exemplo, se eu chego em casa hoje e de repente tem um pessoa ali montando uma barraca em frente a sua casa, como faria. E sei qual a resposta, e eu pergunto, a mesma preocupação, as mesmas medidas que seriam tomadas por qualquer pessoa de bem deste País, eu pergunto se não pode serem tomadas, igualmente, com relação à COHAB. Por que a COHAB deixou correr tanto tempo para tomar as medidas efetivas, quando a legislação, a própria Constituição já as­segura o direito de propriedade, que não foi eliminado, que muita gente quis eliminar o direito de propriedade, mas ela está assegurada aqui, Inciso 22, do art. 5º da Constituição, bem no início da Constituição, onde são estabelecidos os direitos e deveres individuais e coletivos da sociedade, porque é garantido o direito de propriedade. Então, está aqui na Constituição para que não paire qualquer dúvida.

Depois, temos aqui o Código Civil, que estabelece a relação entre as gentes, as pessoas, e vejo aqui contemplado no art. 507, a retomada de posse da propriedade invadida. Isto é cópia fiel do que existia já no tempo dos romanos. Isto aqui é o Direito Civil Brasileiro, copiou do alemão, que por sua vez co­piou dos romanos. Nada foi mudado. Quer dizer a pessoa que tem menos de um ano e dia de posse, este dia até hoje não entendi por que, de certo para formar exatamente o ano. Ela poderá ser compelida a entregar essa propriedade invadida no dia. Qualquer Juiz dá essa decisão, não precisa nem advogado. O interessante é chegar e dizer: “olha, está aqui, eu sou proprietário desse terreno, está  aqui a fotografia e um senhor invadiu, está aqui no título, eu sou o proprietário”. Está provado também que ele não tem mais de um ano e dia de posse, porque se tiver mais de um ano e dia de posse, aí será o art. 508, então, terá que ser uma ação ordinária. A ação ordinária demora, mas também ele será reintegrado. Eu ajuizei várias ações de reintegração de posse por via ordinária. A reintegração de menos de um ano e dia essa é coisa mais fácil do mundo, porque se um Juiz, por acaso, num gesto infantil, não der a reintegração in linine, para ser reintegrado no dia, naquele mesmo momento, se recorre ao Tribunal, e o Tribunal não teve nunca uma ação que não tenha reintegrado, não existe na história. Se, por acaso, uma coisa absurda, o Tribunal não entregar, nós teríamos o Supremo Tribunal Federal para fazer cumprir isto aí. De modo que eu verifico e sinto neste momento que de parte da COHAB, e talvez não tenha sido culpa do Departamento Jurídico, não recorreu às normas jurídicas vigentes no País para a reintegração daquele importante imóvel de propriedade da COHAB. É do povo e deixou a coisa correr.

Eu identifico nas propagandas ali, não faço qualquer ilação a sua pessoa, mas identifico nas fotografias que foram tiradas pela comunidade, e as que foram tiradas ontem, placas de candidatos do PMDB, de Deputados Estaduais, ali. Será que esse pessoal não está fazendo pressão? Algum setor do Governo, para que não se retome essa propriedade, da forma jurídica, assentada e prevista na legislação? Por que a COHAB não faz o pedido de reintegração de posse, já que não tem um ano de posse? Por quê? São questões que eu jogo na COHAB, e aí eu faço uma pergunta ao Sr. Secretário Newton Burmeister, sempre tão atencioso e atento, por que a SMOV não faz uma ação integrada com a COHAB, demolitória? Não pode ser de reintegração de posse porque não é possuidor o Município, mas ação demolitória pode ser feita conjugada, ou ação de reintegração de posse. Daria muito mais força essa ação perante a Justiça. Quer dizer, o Município e mais o Estado pedindo aquilo que é do povo, que não é do seu proprietário aqui, que aliás tem um carro do ano feito pela Aldo Auto Capas - bom gosto, parente o dono do carro do Ver. Ervino Besson - e como sabe o Ervino Besson, é um carro muito caro. Pois este senhor aqui, este proprietário aqui vai vistoriar as suas obras com um carro último ano feito pelo Aldo Auto Capas. Nós aqui, certamente, juntamos todos os nossos salários e jamais poderemos ter um carro destes, quer dizer, é uma pessoa rica, uma pessoa que tem bens e está fazendo escárnio sobre todos nós, gozando da nossa cara. Desculpe-me usar uma expressão tão chula. Faz o que bem entende e continua lá, enquanto nós temos medidas na legislação. Tem o Código de Processo Civil. Pelo amor de Deus, por isto é que eu queria a presença da Procuradoria, Sr. Secretário, para que pudéssemos discutir o aspecto jurídico que en­volve esta questão. Pode pedir a COHAB ou a SMOV a demolição daquilo ali? Hoje - não esperarmos para daqui um ano. O Juiz dá na hora: reintegre-se a propriedade.  Aí sim.

O senhor diz que a COHAB não tem poder de polícia. Tem sim, tem a Brigada. Eu também não tenho, mas a Brigada vai lá e diz:"olha não tem ninguém dentro da casa, então tira os passarinhos, tira os cachorros e bota um trator em cima para demolir aquilo ali. Isso é que tem que ser feito, reintegrar quem tem direito, que é o povo.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, integrantes da Mesa e demais presentes nesta Sessão. Nós, pelo entendimento que tivemos dos depoimentos e de assessoria que buscamos, compreendemos que a área, hipoteticamente, não é disponível, ela é do povo para uma ampliação eventual futura da Avenida Baltazar de Oliveira Garcia e da própria Manoel Elias. Até para possibilitar um melhor acesso à área, que é prevista para a circulação de tráfego pesado de caminhões ao Porto Seco. Se a área, hoje, não é disponível e ela é prevista para uma finalidade social mais ampla do que neste momento está atendendo, no nosso entendimento a ação que a SMOV pedirá à Procuradoria do Município, que interponha para a recuperação da indisponibilidade da área em função de ser previsão de recuo viário, não deveria sofrer objeção da COHAB, contestação, na medida em que a propriedade é da COHAB. Talvez este acordo possa ser feito entre os dois Poderes Públicos, porque não obstaria uma tramitação mais rápida  de um processo de recuperação da área, e essa seria a nossa sugestão.

No nosso entendimento, não havendo protesto da ação, rapidamente teríamos a ação demolitória concluída e a ação de recuperação da área para o uso da comunidade e teríamos condições de, se houvesse a possibilidade conjunta e a necessidade daquela comunidade, discutindo a permanência de alguma eventual prestação de serviço, ainda que temporária numa área indisponível, isso pudesse ser feito coletivamente com a participação da comunidade.

A questão suscitada pelo Ver. Vicente Dutra, que propõe em boa hora o debate desta que é uma das questões mais importantes da Cidade de Porto Alegre, que é a ocupação indevida de próprios públicos, a exceção da moradia que tem as questões sociais pingentes em nosso País impondo, às vezes, Ver. Vicente Dutra, o pular a cerca, e a sua intervenção diz exatamente isso, que de repente o uso social pode ser requerido pela população em necessidade urgente. Nos parece que seria por aí o rumo que a Procuradoria do Município, no encaminhamento do processo concluído na SMOV, poderia orientar e tendo o acordo com a COHAB de não contestar as razões da ação. Com celeridade, chegaríamos a uma conclusão desse processo, na medida em que é vontade da comunidade, é vontade do Município e seria, portanto, vontade do atual detentor da posse eventual da área, embora ela seja indisponível em função dos depoimentos que vimos aqui, as portas todas, então, estariam abertas para uma solução amigável e que até previsse, eventualmente, a permanência, a exceção e exclusiva em relação com a comunidade e aquele serviço que ainda se tornasse útil, e não apenas benefício da pessoa que se apropriou de uma posse pública para fins comerciais e obtenção de lucro - como a própria foto revelada pelo Ver. Vicente Dutra demonstra -, a pessoa tem um comércio completamente irregular em área pública e se beneficia sem qualquer pagamento de imposto das rendas públicas. Afinal de contas, não paga imposto e utiliza um próprio indisponível hoje no Estado, mas, num futuro, previsto para o planejamento municipal.

Era a contribuição que queria fazer a esse que é um processo válido, e acho que é o papel do Município levantar as questões e pôr as partes em debate e procurar a solução. Muito obriga­do, Ver. Ervino Besson pela cessão do tempo.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Coma palavra a próxima inscrita, a Srª Beatriz Teresa de Castro.

 

A SRA. BEATRIZ TERESA DE CASTRO: Eu gostaria de perguntar ao Prof. Sid se por acaso não é por que a COHAB ainda não é a proprietária  daquela área que ele não consegue sucesso junto à Justiça. Lá em casa, por exemplo, nós terminamos de pagar a nossa casa e não temos escrituras. Disseram que a COHAB estaria em processo com os herdeiros daquela área e que ainda não estava concluído o processo. Então, a meu ver, apesar de não ser advogada, eu acredito que realmente a COHAB não tenha obtido sucesso justamente por isso, porque ela ainda está em processo, ela não é a proprietária ainda daquilo lá. Não seria isso?

 

O SR. SID UMPIERRE: Aproveitando a oportunidade para manifestar a minha concordância em caso, gênero e grau com o Dr. Dutra no momento em que ele coloca essas questões de natureza da propriedade, e graças a Deus que o direito de propriedade existe, porque no dia em que ele não existir neste País, a gente tem que pegar a mala e ir embora, quero dizer que os impedimentos que existem - o senhor sabe, nós até conversamos por telefone e eu ainda lhe disse: Dr., eu só sou Professor, não tive o privilégio e o prazer de ser um advogado -    a COHAB tem recorrido nesses aspectos todos, tanto que constatada a invasão de uma área, o Departamento Jurídico pede a ocorrência policial. Aí, é iniciado o pedido de liminar e o Juiz pede a identificação dos inva­sores. Nós vamos lá para identificar. Ora, já de cara o pessoal não quer nem falar conosco, nós somos da quadra, não vamos lá para ofere­cer a casa para eles. Parece-me até que identificar é obrigação da po­lícia, até para não corrermos o risco de levar um tiro. Então, posso­ lhe garantir que o Departamento Jurídico tem feito a sua parte nesse sentido. A própria Brigada, hoje, passou de 24 horas, eles dizem que não é mais flagrante, aí já tem que ter liminar da Justiça e uma série de coisas. E como disse o ilustre Secretário, a indústria da invasão está altamente organizada. Existem empresas que montam uma casa em uma hora, e os invasores mais antigos invadiam com barraquinhas e hoje invadem com casas prontas de 40m2.

E se por eventualidade existe lá uma placa do PMDB, seguramente vão aparecer placas de outros partidos, dentro de pou­co tempo. E quando vemos dificuldade de um Juiz cassar out-door em propriedade particular, imagine na COHAB?

Aceitei o seu questionamento. Mas não há interesse da COHAB em defender ninguém, há interesse em defender a comunidade. Lamentavelmente, encontramos uma situação, fruto de um gerenciamento interesseiro, durante 20 anos, e estamos tentando, nas nossas possibilidades, solucionar isto.

A proposta no nobre Vereador de que a COHAB e a SMOV se unam na linha jurídica, quero dizer que já houve iniciativa de nossa parte neste sentido, temos solicitação oficial da COHAB no sentido que nos ajude a coibir, a SMOV, as construções, e a SMIC, a proliferação desse comércio irregular.

Respondendo  à companheira do Costa e Silva: há que se fazer uma diferença entre ser proprietário e poder registrar o imóvel. A área é de propriedade da COHAB. Os mutuários ainda não podem fazer o registro no Cartório de Imóveis, porque o loteamento, ainda na sua totalidade, não passou para a Prefeitura Municipal. Todos eles, no momento que quitam estas casas, recebem da COHAB um documento de quitação, este documento é válido para registro no Cartório, assim que este processo global vier a ser efetivado. Não é por aí que a COHAB tem encontrado dificuldades em resolver estes problemas. Nas sentenças que os Juízes têm dado não há nenhuma que se referisse a isto, não pode tirar porque não é da COHAB, todas são nossas, especialmente o problema do Costa e Silva.

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Secretário Burmeister.

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: No ensejo da manifestação do Sr. Sid, ele já abordou esta questão de que a comunidade do Costa e Silva se agregue às negociações que estão sendo feitas no âmbito da SMOV com relação a este assunto para que fique inteirada de todos os passos, de todos os procedimentos que estão sendo feitos entre a Prefeitura Municipal-COHAB, no interesse da regularização. E isso é importante, este domínio e esta presença. É só complementando este aspecto para que as gestões que estão sendo feitas no âmbito da Prefeitura entre COHAB, Prefeitura Municipal, no caso da aprovação final do Projeto de Loteamento do Costa e Silva, a comunidade também estivesse presente para poder colocar a sua participação.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Acho que estamos nos encaminhando para o final do debate, o assunto está bem esclarecido, tenho a impressão que a comunidade, não sei se gostaria de fazer mais uma colocação, o assunto é de amplo conhecimento de todos, apenas eu deixaria registrado nos Anais uma sugestão para que houvesse efetivamente esse encontro do Departamento Jurídico da COHAB com o Setor Jurídico da SMOV e particularmente da Procuradoria-Geral do Município para que se conjugassem as ações. Tanto a SMOV participaria das ações da COHAB, essas que já estão em andamento, litisconsorte como a COHAB participaria desta ação demolitória promovida pelo Município. Tenho a impressão que isso daria muita força, e mais ainda, sugiro que as cópias dessas petições jurídicas sejam encaminhadas à Casa para que esta Casa também se manifeste. Nós vamos submeter ao Plenário para que a Casa se manifeste apoiando as medidas de reintegração e demolição daqueles prédios irregulares. Acho que isso seria uma coisa concreta que nós poderíamos decidir nesta manhã, com a concordância de todos, para que efetivamente pudéssemos retomar aquele importante espaço que é do povo de Porto Alegre, do Rio Grande. Gostaria que a SMOV e a COHAB se manifestassem concordando ou não com esta sugestão de um apoiar o outro e mandar para a Câmara as petições.

 

O SR. NEWTON BURMEISTER: De nossa parte nenhuma restrição.

 

O SR. SID UMPIERRE: Apenas um pedido até que a ação se estenda a outros núcleos, não é Sr. Secretário? Mas, com muito prazer, acatamos a sugestão do Sr. Vicente Dutra. Excelente.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Apenas para concluir, Sr. Presidente, gostaria de dizer que a presença do Secretário Newton Burmeister, de Obras e Viação, trouxe ao debate todas as contribuições solicitadas por informação junto ao Município e, portanto, superou a necessidade de participação, no meu entendimento, dos demais órgãos envolvidos na questão. Era isto que queria deixar colocado.

 

A SRA. BEATRIZ TERESA DE CASTRO: Sei que isto é uma questão demorada, mas pediria às autoridades que fizessem alguma coisa de imediato com relação a um estabelecimento que tem próximo ao nosso conjunto residencial e que está prejudicando enormemente a comunidade. Antes era um trailer, e como recebeu intimação da SMIC para que fosse fechado, retirou o trailer dali e construiu e continua funcionando com jogos e inclusive, não temos provas, mas dizem que é distribuidor de tóxicos ali, onde freqüentam até menores, com bebidas e tudo, a noite inteira; De dia os fiscais vão lá e não encontram nada, está fechado, está construindo. Mas chega à noite e vira algazarra a noite toda. É a nossa passagem de acesso ao nosso prédio que é o acesso 11, e esta construção fica no acesso 12, nº 10.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Tem que ser feita uma fiscalização à noite.

 

A SRA. BEATRIZ TERESA DE CASTRO: Eles dizem que têm autorização deste Sr. Elias Leme, que é funcionário do Piratini que diz que eles têm autorização e direito, porque é deles e que po­dem fazer o que bem entenderem. Em questão de direito de propriedade, eu acho que quem constrói em terreno alheio não tem direito a nada, mas quem mora ali, quem construiu ali, tem dinheiro e muito dinheiro.

Estão especulando e especulando “imobiliariamente”, porque nós sabemos de gente que tem pro­priedades em Porto Alegre, e muito boas propriedades,  que estão construindo ali, se apossaram de terrenos ali e que estão fazendo agiotagem - não sei se este é bem o termo - pessoas que vendem a cha­ve para outra pessoa e não entregam o ponto, e com o dinheiro que re­ceberam por aquilo estão construindo mais.Tem um senhor que tem duas construções enormes atrás do bailão e mais adiante, proprietário de oficinas mecânicas. Acho que ali não é uma questão social, a preocupação não deve ser essa, são especuladores que estão ali e gente com muito dinheiro, e ali estão rolando dinheiro, para quem não sei. Nós só queremos ter garantida nossa passagem ali, o fechamento desse trailer, isso agora no momento, pois está perturbando toda a comunidade e há o esgoto a céu aberto que desce pela nossa rua.

 

O SR. PRESIDENTE: Está feito o registro e tenho a certeza de que as autoridades tomaram nota do seu relato.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Somente para encerrar o meu pronunciamento, dado às graves acusações trazidas pela Profª Beatriz Castro, que é a que mais sofre porque sua residência está ali vis-à-­vis com o problema, eu requeiro que a Casa se manifeste ao Governo do Estado pedindo inclusive garantia físicas e garantia à família e aos moradores que são agredidos com ameaças.

Em segundo lugar, que seja oficiado também ao Governo do Estado para saber se este cidadão de nome Lemes, que é candidato a Deputado Estadual, segundo a placa que está colocada e que seria funcionário do Palácio, para que ele se manifeste se está ou não apoiando e se tem poderes para dar autorizações - entre aspas - aos moradores dali. Então, que seja oficiado este pedido em nome da Casa para a garantia de vida que vai ser manifestada pela Brigada Militar e Polícia Civil para saber se esse cidadão, funcionário do Palácio, tem este tipo de autoridade.

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho certeza que alguma coisa neste sentido vai ser feita.

 

O SR. REPRESENTANTE DA COMUNIDADE: O que eu quero dizer é que esse mesmo cidadão... esse cidadão do trailer, inclusive, ele ameaça todo mundo. E o outro, da frente quer fechar para ninguém passar. É o único lugar que nós temos para passar. Tiroteio tem dado seguido ali e ele ameaça. Seguidamente tem sido assim. E este esgoto a céu aberto passa bem defronte da minha casa e vai pela avenida toda.


 

O SR. PRESIDENTE: Eu sugeriria que a comunidade lá fizesse um convite ao Comando da Brigada Militar. Ontem nós tivemos uma reunião, até às11h30min da noite, sobre a segurança de nossa Cidade. E tenho certeza de que até o próprio Comandante da Brigada Militar se fará presente. E se o convite for estendido a esta Casa, tenho certeza que alguns Vereadores também se farão presentes.

 

O SR. REPRESENTANTE DA COMUNIDADE: O senhor, este do trailer, retirou o trailer, pois recebeu uma intimação para retirar, mas fez uma casa de material grande. Hoje mesmo, estão construindo lá, bem no local em que nós passamos. Os carnês de imposto não vão “Acesso 11, nº 77”, vai Baltazar de Oliveira Garcia. Então, nós estamos pagando o imposto deles.

 

A SRA. REPRESENTANTE DA COMUNIDADE: O senhor do trailer é uma pessoa bem ignorante, pois não se satisfaz em construir do lado. Construiu um outro que é vizinho do lado, tipo chiqueiro, e no meio do terreno, atrás desses dois prédios, ele construiu uma casinha, e perguntaram: “o senhor vai sair distribuindo lotes?” E ele disse: “não, é para a minha senhora morar”. Em segundo lugar, mesmo que as autoridades permitam que eles fiquem lá, que façam uma construção mais digna, porque moramos num conjunto habitacional que tem tudo, calçamento, ficou horrível. Às vezes tenho vergonha de descer ali, ficou um ambiente de baixo nível, e não merecemos isso, quem não tem condições não se estabelece.

 

O SR. PRESIDENTE: O que a senhora colocou se estende a vários núcleos habitacionais da COHAB. Um exemplo, o Cavalhada, é uma tristeza, cada um faz o que quer, abre comércio do jeito que quer, como quer. Quero mais uma vez parabenizar o Ver. Vicente Dutra porque V.Exª trouxe um problema muito importante, e tenho certeza de que a partir deste debate alguma coisa vai ser feita em termos de organização, de moralizar os conjuntos habitacionais da cidade de Porto Alegre. Não se concebe que pessoas com mais posses explorem um conjunto, e temos que dar um basta, toda pessoa tem o direito de morar dignamente, num lugar bonito, com boa apresentação. Portanto, temos que abraçar esse problema juntamente com a comunidade, juntamente com as autoridades responsáveis para que resolvamos isto, não sei de que forma. Sabemos nós que na hora em que for da esfera judicial, lamentavelmente, a coisa é muito morosa. Mas acho que com a união do povo, com a união da comunidade, com o grito da comunidade e com o apoio das autoridades que nós estamos vendo aqui,  acho que nós vamos, juntamente com os moradores, pelo menos vamos chegar a uma situação razoável no mais curto espaço de tempo.

Não havendo mais inscritos, encerramos esta reunião, agradecendo mais uma vez a presença de todos e das autoridades da Mesa que se fizeram presentes. Nós todos ficamos gratificados e satisfeitos. Obrigado a todos.

 

(Levanta-se Reunião às 11h48min.)

 

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